terça-feira, 8 de maio de 2012

Pela diversidade de talentos: uma releitura da estória de urubus e sabiás


Vilma Lúcia Pedro

A leitura do texto, “Urubus e Sabiás”, de Rubem Alves, me reportou à imagem de uma escola, seja ela de qualquer nível de ensino, e seus profissionais. Fiquei pensando como são estabelecidos os debates e como é aproveitada/descartada a diversidade de formação acadêmica e de competências e habilidades.

A partir daí, imaginei uma reunião em que todos participavam ativamente, manifestando suas opiniões e conceitos. A hierarquia não representava barreira para que os posicionamentos fossem questionados, por que a liderança era exercida com autoridade conquistada pelo respeito à diversidade e competência.

O líder tinha como pressuposto principal que seu saber não era absoluto e que os saberes dos participantes completava e enriquecia cada projeto. Além disso, trabalhava o tempo todo para descobrir novos talentos no grupo, incentivando cada participante a desenvolver sua autonomia e arriscar em novas estratégias de ensino-aprendizagem. Dessa forma, as diferenças de títulos e de experiências concorriam para o aprimoramento do trabalho da equipe.

Continuando minha reflexão, pensei como lidamos (professores, coordenadores, diretores) com esta diversidade em nosso cotidiano.

Será que trabalhamos para aflorar os diversos talentos, abrindo os projetos e discussões à participação coletiva ou matamos, diariamente, as iniciativas individuais em nome de uma burocracia hierárquica?

Será que aceitamos os “palpites” e sugestões dos outros no momento da elaboração dos projetos ou impomos, sempre, nossas idéias?

Será que consideramos os conhecimentos prévios sobre o assunto de cada um dos participantes ou imaginamos todos como tábulas rasas? Ou nivelamos os conhecimentos de todos a partir de um ponto previamente definido?

Será que somos instigadores e questionadores ou apresentamos sempre as respostas prontas?

Será que conseguimos estabelecer um diálogo efetivo ou impomos monólogos infindáveis?

Será que conseguimos nos despir de vaidades e certezas ou nos apresentamos como fenomenais e infalíveis?

Será? …
São dilemas importantes que trazem, no seu bojo, situações extremas e difíceis de acertar o ponto de equilíbrio. Mas este é o grande desafio. Trabalhar com a diversidade de talentos, incentivar a criatividade alheia, aceitar os diversos saberes e reger a orquestra com afinação e empolgação.
Que os cantos dos diferentes passarinhos sejam atraídos para nossa floresta.

MORAL: Em terra em que se ouve canto de sabiá, os diplomas dos urubus são mais enriquecidos.  


Para aprofundar o debate:





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