"Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam...
Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto,
decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes
cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá,
mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais
deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros.
Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho
de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável
urubu titular, a quem todos chamam de Vossa Excelência. Tudo ia muito bem até
que a doce tranqüilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta
foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários
e faziam serenatas para os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o
rancor encrespou a testa , e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários
para um inquérito.
— Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvessem. Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...
— Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.
E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...
MORAL: Em terra de urubus diplomados não se houve canto de sabiá."
— Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvessem. Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...
— Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.
E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...
MORAL: Em terra de urubus diplomados não se houve canto de sabiá."
O texto acima foi extraído do livro "Estórias de quem gosta de ensinar — O fim dos Vestibulares", editora Ars Poetica — São Paulo, 1995, pág. 81.
Olá Vilma!
ResponderExcluirQue estória interessante! Muito boa para refletirmos a diferença entre erudição e sabedoria. Será que nós enquanto educadores estamos promovendo e valorizando os "conhecimentos-urubus" ou a "desenvoltura-sabiá"?
Parabéns pela iniciativa do blog. Com certeza o material postado aqui nos incitará a reflexão.
Um grande abraço! Ludmila
Olá Vilma!
ResponderExcluirParabéns pelo blog. Assim como tudo o que você faz, está muito bem escrito. Adorei a história dos urubus e sabiás, muito instigante.
Abraços.
Paula